A Satisfibre, S.A. é uma empresa que tem dedicado as suas actividades ao desenvolvimento do processo de produção de celulose bacteriana (CB) e à exploração do potencial tecnológico e comercial da CB na indústria alimentar, cosmética e (bio)compósitos. Esta empresa tem criado sinergias com as indústrias de diversos setores, orientadas ao desenvolvimento de produtos inovadores. Por um lado, e na sequência das atividades de investigação, pretende demonstrar a potencialidade da CB mediante o produto ou a aplicação, por outro levantando as necessidades da indústria, no sentido de encontrar soluções para essas necessidades que contemplem o uso de CB.
Como surgiu a Satisfibre? (qual o projeto, responsáveis, objetivos).
O projeto e a spin-off Satisfibre surgiram na sequência de investigação no Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho, em torno da produção e aplicação da celulose bacteriana. Os investigadores Miguel Gama e Fernando Dourado desenvolveram uma tecnologia única para a produção deste biopolímero em larga escala e a um custo competitivo. Validaram também o potencial da CB em várias áreas de aplicação comercial. Na sequência deste trabalho inovador, os investigadores decidiram explorar o potencial de comercialização desta tecnologia e produto.
Quando e porque decidiram iniciar o processo de atribuição do estatuto de spin-off?
Após um trabalho inicial de avaliação do potencial de mercado da CB, primariamente na área alimentar e cosmética, os promotores da tecnologia decidiram avançar com a transformação da ideia numa oportunidade de negócio, começando pela submissão de uma candidatura ao estatuto de spin-off.
Que influência teve a marca spin-off UMinho no percurso da Satisfibre?
O processo de transferência de tecnologia teve a interação natural com a TecMinho, na óptica da valorização e a transferência de conhecimento para o tecido empresarial, catalisando a inovação e o empreendedorismo. O estatuto de spin-off representa esta transferência de saberes gerados no seio da Universidade através do exercício de uma atividade económica com elevado potencial de crescimento.
Que benefícios considera ser mais relevantes para as empresas com o estatuto Spin-Off Universidade do Minho?
O reconhecimento formal do estatuto de spin-off permite às empresas usufruírem de uma relação estreita com a Universidade, a nível de reconhecimento, mentorização, apoio no desenvolvimento do plano de negócio, gestão da propriedade industrial e no acesso a investimento, podendo utilizar a marca “spin-off da Universidade do Minho”.
Atuando numa área em clara progressão, mas aparentemente pouco divulgada, como se chega até aos potenciais clientes, às empresas e indústrias?
Depende do modelo de negócio a seguir, business-2-business ou business-2-consumer, a interacção com os potenciais clientes, tem abordagens muito distintas.
Poderia dar-nos exemplos de aplicação da celulose bacteriana em diferentes contextos ou sectores?
Nas aplicações alimentares e cosméticas, a celulose bacteriana poderá ser utilizada como um aditivo ou ingrediente, com elevado potencial para a modificação das propriedades reológicas, texturais, organolépitas dos produtos. A título de exemplo, no setor alimentar, a CB melhora a estabilidade da suspensão do cacau no leite com chocolate, aumenta a incorporação de ar (aumentando o volume) nas claras em castelo, melhora a textura de formulações em gelados, aumenta a retenção de água e textura dos produtos cárneos. Na cosmética, promove a retenção de humidade em formulações de cremes, é também um substituto de emulsionantes artificiais. Nas aplicações do papel, melhora a qualidade da impressão e a resistência mecânica das folhas. Ao nível dos compósitos, melhora as propriedades mecânicas destes materiais.
Que necessidades poderá a celulose bacteriana satisfazer nesses mesmos sectores ou contextos?
Globalmente, e na sequência das vantagens indicadas, a crescente procura pelos consumidores e indústria em geral, por materiais e produtos naturais, biodegradáveis e obtidos por tecnologias sustentáveis e de baixo impacto ambiental.
Na vossa área de atuação que desafios anteveem e como poderão lhes dar resposta?
Os desafios de uma spin-off são de natureza muito variada, desde a actividades intensas de I&D ao estabelecimento do negócio, que passa pelo estabelecimento e comercialização da tecnologia e produtos, de forma a permitir a entrada e consolidação de um mercado, havendo estratégias específicas para mercados específicos.